quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Resistir



Fomos dormir ontem com o conforto de uma quase certeza e acordámos hoje no meio de um pesadelo. O mundo está inquietante, imprevisível e por isso mais perigoso. O que mais assusta é a vaga de populismo demagógico e faccioso que varre várias partes do globo e que a eleição de ontem tornou gritante e incontornável. É o criminoso de delito comum nas Filipinas, é o louco da Coreia do Norte, é o fanático desastrado da Venezuela, são os proto ditadores da Hungria e da Turquia, é o imperialista do Kremlin, é o inacrediváel brexit, é a ameaça Le Pen em França e o mais que aí virá. Como as tendências culturais costumam vir importadas da América, temo uma nova dark age a abater-se sobre nós. Vai muito além da política: são os juízes vitalícios para o Supremo Tribunal que vão impor uma nova agenda de costumes, é sobretudo uma moral assente no fundamentalismo evangélico que despreza a tolerância e teme o que é diferente. Há uma nova jiahd em formação, que se alimenta da outra, a islâmica, que não decapita cabeças mas destrói corações.

São tempos difíceis que estão aí. Os países a isolarem-se, as relações a esfriarem-se, os muros a erguer-se, o comércio internacional a retrair-se, manietado pelas medidas proteccionistas. Cada um por si e ganha o mais forte.

Que fazer? Resistir! Não há noite que sempre dure.

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