quinta-feira, 5 de maio de 2016

É dificil ser liberal em Portugal

http://observador.pt/opiniao/esta-direita-liberal-portugal/


Muito interessante este texto de alguém que se assume de direita mas não se revê nas posições que a direita tem tomado.A caixa de comentários então é um verdadeiro mimo para se perceber o que sempre suspeitei: a direita portuguesa é muito mais conservadora que liberal. E com isso tem entregado de bandeja a defesa das liberdades individuais a uma esquerda que também está longe de gostar da liberdade individual.
Veja-se o caso exemplar do 25 de Abril que ainda há dias foi celebrado. Em princípio deveria ser uma data simbólica da comemoração da liberdade, tout court. Neutra, portanto. A liberdade é um bem comum que permite que todos nos possamos expressar. Deveria ser um património tanto da direita como da esquerda. Mas a direita nunca se sentiu confortável com a data. Não a repudiam inteiramente (seria mal visto) mas também não a assumem. A malta da direita aparece envergonhada nas cerimónias e despreza-a em privado. E deixou com isso que a esquerda se apoderasse do simbolismo e que apareça publicamente como os únicos verdadeiros proprietários da festa. As observações sobre quem usa ou não usa o cravo vermelho na lapela nesse dia são reveladoras desta dessintonia.
A esquerda tem o mesmo tipo de reacção mas de sinal contrário. Se aparecer alguém que não é reconhecido como dos seus a pretender associar-se à efeméride, é provável que seja corrido a sete pés. Porque a esquerda apropriou-se do 25 de Abril, considera-o um coisa sua e rejeita a sua transversalidade.E não há aqui, propriamente uma amor à liberdade individual mas a utilização da carga simbólica do conceito como um factor puramente instrumental de luta política. Veja-se como alguns sectores da esquerda apareceram recentemente a defender as posições dos taxistas contra a Uber. Os supostos direitos de monopólio de um grupo profissional tiveram prevalência sobre a vontade individual de cada consumidor em poder escolher em cada momento o que mais lhe convier.
Conclusão: é difícil ser liberal em Portugal. À direita e à esquerda!

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